Se 2015 foi o ano mais quente já registrado, 2016 promete ser pior ainda. Tudo isso por causa do fenômeno El Niño, que altera a temperatura da superfície do oceano Pacífico, o que tem efeitos diretos no clima. Cientistas afirmam que aproximadamente 38% dos recifes de coral do mundo devem sofrer alterações devido a esse aquecimento até o final deste ano, e uma área de 12 mil quilômetros de corais deve morrer. A força do El Niño está ligada às mudanças climáticas, que tornam os fenômenos climáticos mais intensos. Os dados e fotos foram apresentados ontem (3/12), na COP-21 (Conferência do Clima da ONU).

Esse vai ser o terceiro branqueamento de corais registrado na história. O branqueamento de corais é a morte dos pólipos responsáveis pela construção dos recifes. O primeiro aconteceu em 1998 e matou 16% do total de recifes de corais existentes, também ocasionado pelo El Niño. O segundo foi em 2010.
O branqueamento mundial de recifes de corais é considerado um dos indicadores mais visuais das alterações climáticas. 

O NOAA (Administração Nacional da Atmosfera e dos Oceanos), dos EUA, prevê que o fenômeno, que deve se estender até 2016, será um dos mais fortes da história e, por isso, anunciou o terceiro branqueamento global em julho deste ano. 

Apesar de os recifes de corais representarem menos de 0,1% do solo dos oceanos, eles são como um oásis em um deserto, que oferece comida e abrigo para diversas espécies de animais marinhos, além de servir de "creche" para jovens peixes até eles serem grandes o bastante para enfrentarem os oceanos. Estima-se que os corais deem suporte a 25% do total de espécies marinhas.

El Niño deverá causar calor recorde em 2015 e 2016, diz OMM

GENEBRA (Reuters) - Este ano será o mais quente já registrado e 2016 poderá ser ainda mais quente devido ao fenômeno do El Niño, afirmou nesta quarta-feira a Organização Meteorológica Mundial (OMM), alertando que a falta de ação contra as mudanças climáticas poderá causar um aumento das temperaturas em 6 graus Celsius ou mais.

Contudo, as decisões que serão tomadas na cúpula de líderes mundiais em Paris, a partir de segunda-feira, podem fazer com que a temperatura global aumente apenas 2 graus Celsius na comparação com o período pré-industrial, uma meta estabelecida em 2010 para tentar evitar alterações climáticas perigosas.
"Sim, ainda é possível manter a meta de 2 graus, mas quanto mais esperarmos para fazer algo, mais difícil será," afirmou o diretor-geral da OMM, Michel Jarraud, em entrevista coletiva.

"Temos cenários demandando decisões muito fortes, muito rápidas e uma redução drástica dos gases de efeito estufa, e temos outros cenários do tipo 'deixe estar', nos quais atingimos previsões de um aquecimento adicional de 5, 6 graus, talvez até mais. Isso irá depender muito das decisões (em Paris)".
Temperaturas médias globais em 2015 poderão alcançar o que a agência chama de "marco simbólico e significativo" de 1 grau acima da era pré-industrial.

"Isso se deve a uma combinação de um forte El Niño e ao aquecimento global induzido pelo homem", afirmou a OMM em um comunicado.
Jarraud disse que o El Niño pode ser responsável por entre 16 e 20 por cento do aumento, e que as médias de mais longo prazo mostraram que as temperaturas estão subindo independentemente do El Niño ou de sua contrapartida, o La Niña, que induz a um resfriamento.

O El Niño, um fenômeno climático natural caracterizado pela elevação das temperaturas na superfície do Oceano Pacífico, causa eventos extremos com forte calor, secas e inundações em todo o mundo. Os meteorologistas acreditam que o pico do El Niño ocorrerá até janeiro de 2016 e que será um dos mais intensos da história.

Uma estimativa preliminar baseada em dados obtidos entre janeiro e outubro deste ano revelou que a média das temperaturas de superfície globais em 2015 ficou cerca de 0,73ºC acima da média entre 1961 e 1990, que foi de 14ºC, e cerca de 1ºC acima do período pré-industrial de 1880-1899, afirmou a OMM.

(Reportagem de Tom Miles)

Texto publicado no UOL