segunda-feira, setembro 22, 2014


Elton Alisson
Lincoln Barbosa/Wikimedia Commons

A Amazônia possui uma reserva de água subterrânea com volume estimado em mais de 160 trilhões de metros cúbicos, de acordo com Francisco de Assis Matos de Abreu, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que terminou no dia 27 de julho, no campus da Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco.

O volume é 3,5 vezes maior do que o do Aquífero Guarani– depósito de água doce subterrânea que abrange os territórios do Uruguai, da Argentina, do Paraguai e principalmente do Brasil, com 1,2 milhão de quilômetros quadrados de extensão.

“A reserva subterrânea representa mais de 80% do total da água da Amazônia. A água dos rios amazônicos, por exemplo, representa somente 8% do sistema hidrológico do bioma e as águas atmosféricas têm, mais ou menos, esse mesmo percentual de participação”, disse Abreu durante o evento.

O conhecimento sobre esse “oceano subterrâneo”, contudo, ainda é muito escasso e precisa ser aprimorado tanto para avaliar a possibilidade de uso para abastecimento humano como para preservá-lo em razão de sua importância para o equilíbrio do ciclo hidrográfico regional.

De acordo com Abreu, as pesquisas sobre o Aquífero Amazônia foram iniciadas há apenas 10 anos, quando ele e outros pesquisadores da UFPA e da Universidade Federal do Ceará (UFC) realizaram um estudo sobre o Aquífero Alter do Chão, no distrito de Santarém (PA).

O estudo indicou que o aquífero, situado em meio ao cenário de uma das mais belas praias fluviais do país, teria um depósito de água doce subterrânea com volume estimado em 86,4 trilhões de metros cúbicos.

“Ficamos muito assustados com os resultados do estudo e resolvemos aprofundá-lo. Para a nossa surpresa, descobrimos que o Aquífero Alter do Chão integra um sistema hidrogeológico que abrange as bacias sedimentares do Acre, Solimões, Amazonas e Marajó. De forma conjunta, essas quatro bacias possuem, aproximadamente, uma superfície de 1,3 milhão de quilômetros quadrados”, disse Abreu.

Denominado pelo pesquisador e colaboradores Sistema Aquífero Grande Amazônia (Saga), o sistema hidrogeológico começou a ser formado a partir do período Cretáceo, há cerca de 135 milhões de anos.

Em razão de processos geológicos ocorridos nesse período foi depositada, nas quatro bacias sedimentares, uma extensa cobertura sedimentar, com espessuras da ordem de milhares de metros, explicou Abreu.

“O Saga é um sistema hidrogeológico transfronteiriço, uma vez que abrange outros países da América do Sul. Mas o Brasil detém 67% do sistema”, disse.

Uma das limitações à utilização da água disponível no reservatório, contudo, é a precariedade do conhecimento sobre a sua qualidade, apontou o pesquisador. “Queremos obter informações sobre a qualidade da água encontrada no reservatório para identificar se é apropriada para o consumo.”

“Estimamos que o volume de água do Saga a ser usado em médio prazo para abastecimento humano, industrial ou para irrigação agrícola será muito pequeno em razão do tamanho da reserva e da profundidade dos poços construídos hoje na região, que não passam de 500 metros e têm vazão elevada, de 100 a 500 metros cúbicos por hora”, disse.

Como esse reservatório subterrâneo representa 80% da água do ciclo hidrológico da Amazônia, é preciso olhá-lo como uma reserva estratégica para o país, segundo Abreu.

“A Amazônia transfere, na interação entre a floresta e os recursos hídricos, associada ao movimento de rotação da Terra, cerca de 8 trilhões de metros cúbicos de água anualmente para outras regiões do Brasil. Essa água, que não é utilizada pela população que vive aqui na região, representa um serviço ambiental colossal prestado pelo bioma ao país, uma vez que sustenta o agronegócio brasileiro e o regime de chuvas responsável pelo enchimento dos reservatórios produtores de hidreletricidade nas regiões Sul e Sudeste do país”, avaliou.

VULNERABILIDADES

De acordo com Ingo Daniel Wahnfried, professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), um dos principais obstáculos para estudar o Aquífero Amazônia é a complexidade do sistema.

Como o reservatório é composto por grandes rios, com camadas sedimentares de diferentes profundidades, é difícil definir, por exemplo, dados de fluxo da água subterrânea para todo sistema hidrogeológico amazônico.

“Há alguns estudos em andamento, mas é preciso muito mais. É necessário avaliarmos, por exemplo, qual a vulnerabilidade do Aquífero Amazônia à contaminação”, disse Wahnfried, que realizou doutorado direto com Bolsa da FAPESP.

Diferentemente do Aquífero Guarani, acessível apenas por suas bordas – uma vez que há uma camada de basalto com dois quilômetros de extensão sobre o reservatório de água –, as áreas do Aquífero Amazônia são permanentemente livres.

Em áreas de floresta, essa exposição do aquífero não representa um risco. Já em áreas urbanas, como nas capitais dos estados amazônicos, isso pode representar um problema sério. “Ainda não sabemos o nível de vulnerabilidade do sistema aquífero da Amazônia em cidades como Manaus”, disse Wahnfried.

Segundo o pesquisador, tal como a água superficial (dos rios), a água subterrânea é amplamente distribuída e disponível na Amazônia. No Amazonas, 71% dos 62 municípios utilizam água subterrânea (mas não do aquífero) como a principal fonte de abastecimento público, apesar de o estado ser banhado pelos rios Negro, Solimões e Amazonas.

Já dos 22 municípios do Estado do Acre, quatro são totalmente abastecidos com água subterrânea. “Apesar de esses municípios estarem no meio da Amazônia, eles não usam as águas dos rios da região em seus sistemas públicos de abastecimento”, avaliou Wahnfried.

Algumas das razões para o uso expressivo de água subterrânea na Amazônia são o acesso fácil e a boa qualidade desse tipo de água, que apresenta menor risco de contaminação do que a água superficial.

Além disso, o nível de água dos rios na Amazônia varia muito durante o ano. Há cidades na região que, em períodos de chuva, ficam a poucos metros de um rio. Já em períodos de estiagem, o nível do rio baixa 15 metros e a distância dele para a cidade passa a ser de 200 metros, exemplificou.



segunda-feira, setembro 22, 2014 por Unknown

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quinta-feira, setembro 18, 2014


Relatório de 127 páginas será publicado oficialmente em novembro, mas vazou para a imprensa nesta semana
 

A mudança climática é uma realidade e já se tornou irreversível. A conclusão é de um grande relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), que será publicado oficialmente em novembro, mas que vazou para a imprensa nesta semana.

"A emissão contínua de gases de efeito estufa provocará um maior aquecimento e, de longo prazo, mudanças em todos os componentes do sistema climático, aumentando a probabilidade de um impacto severo, generalizado e irreversível para as pessoas e os ecossistemas", diz o relatório. 
SAIBA MAIS

Se as emissões de gases de efeito estufa não forem limitadas, "há riscos de a mudança climática ser alta ou muito alta até o final do século XXI". Além disso, os especialistas advertem que é provável que, em breve, as temperaturas subam mais de 2 graus Celsius em relação à média, chegando a uma variação de até 3,7 graus.

Outra conclusão do relatório é a de que os esforços para combater as alterações climáticas têm sido insuficientes. "As mudanças climáticas que já ocorreram tiveram impactos generalizados e conseqüentes sobre os sistemas naturais e humanos." 

O relatório de 127 páginas resume outros três relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Como o documento será lançado em novembro, após uma conferência da ONU em Copenhague, ele ainda pode sofrer alterações.




quinta-feira, setembro 18, 2014 por Unknown

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terça-feira, setembro 16, 2014

Como já noticiado na “Águas do Brasil”, será realizado no período de 12 a 17 de abril de 2015, em Daegu e Gyeongbuk, Coréia do Sul, o 7º Fórum Mundial da Água, promovido pelo Conselho Mundial da Água e pelo Governo da Coréia do Sul, e que é o maior evento do planeta sobre o tema água.
Nas edições anteriores deste fórum, o Brasil teve participação marcante, notadamente no 5º Fórum Mundial da Água, realizado em Istambul, Turquia em 2009, e no 6º Fórum Mundial da Água realizado em Marselha, França em 2012. A ampla participação brasileira contemplou representantes do setor governamental, incluindo Ministros de Estado, Parlamentares, dirigentes de instituições federais, estaduais e municipais relacionadas ao tema da água, setor acadêmico, representantes do setor privado, usuários de recursos hídricos e representantes da sociedade civil.
Realizado a cada três anos, neste momento estamos nos preparando para estruturar nossa participação na sétima edição deste importante evento e, neste cenário, dirijo-me a você para convidá-lo a tomar parte desta iniciativa. Nossa expectativa é repetirmos  e ampliarmos a participação do último evento, quando uma representativa delegação brasileira se fez presente.
Além da relevante agenda técnica do evento, a participação brasileira teve como um local importante para sua integração com técnicos de outros países, o Pavilhão Brasil, que tinha área total de 350 m², Auditório de 50 m², Media Center, Sala VIP, Espaço Café e outros atrativos que tornaram o Pavilhão Brasil uma das sensações da Feira e Exposição do 6º Fórum Mundial da Água.
Neste momento, o Brasil se prepara para participar do 7º Fórum na Coréia do Sul, de duas formas: A primeira, contribuindo tecnicamente com o debate, apresentando o que de melhor é desenvolvido no país e colaborando para o aprimoramento dos instrumentos legais e institucionais. A segunda, fortalecendo, com sua presença, a participação brasileira na Feira e Exposição – tradicional espaço onde os países, as organizações não governamentais e as instituições privadas e os prestadores de serviços expõem suas experiências e articulam oportunidades de parcerias institucionais.
No que se refere à contribuição para a agenda técnica do Fórum, as ações que estruturam a participação do país são coordenadas pela Seção Brasil dos Membros do Conselho Mundial da Água, que reúne atualmente algumas das mais relevantes instituições que tratam direta ou indiretamente do tema água.
A partir da grade temática para o 7º Fórum, definida pelo Comitê Organizador formado pelo Conselho Mundial da Água e pelo Governo da Coréia do Sul, o Brasil selecionou, para serem abordados prioritariamente pelos membros brasileiros, os seguintes temas: Mudanças Climáticas, Governança dos Recursos Hídricos, Nexus Água e Saneamento, Água e Energia e Água e Alimento, e Ecossistemas Aquáticos.
Por meio de reuniões e debates e a partir de uma visão das diversas instituições brasileiras sobre esses temas, pretende-se construir um documento que ao final estabelecerá a estratégia do Brasil para o 7º Fórum Mundial da Água em 2015.
No que se refere à participação do Brasil na Expo e Feira, a Seção Brasil adotou a mesma conceituação funcional das edições anteriores e manteve suas principais características, especialmente em razão ao sucesso do Brasil no 6º Fórum e, em especial, o papel desempenhado pelo Pavilhão Brasil.
Entre os conceitos exitosos dos fóruns passados está a proposta de que o Pavilhão seja um espaço do Brasil, onde todos os interessados, em especial os membros da Seção Brasil, contribuam e atuem da maneira como lhe for mais adequada, seja financeira seja técnica.
Faça parte disto! Nossa expectativa é que o Pavilhão Brasil se transforme, mais uma vez, em um local para a divulgação e compartilhamento das boas práticas no uso da água.
E o nosso espaço, como será? Considerando a vitoriosa candidatura do Brasil e de Brasília para sediar o 8º Fórum Mundial da Água em 2018, posso adiantar a você, caro leitor, algumas das principais características do Pavilhão de 2015: o tema central será a cidade de Brasília; a área total será de 600 m2; contará com auditório com capacidade para 50 lugares, sala VIP, bar/café central, sala de imprensa, espaço para realização de eventos culturais e dois ambientes multimídias. Uma pequena amostra do nosso projeto pode ser vista na imagem da maquete eletrônica
Por fim, aproveito este espaço para convocar você e todos a se juntar neste esforço da Seção Brasil e contribuir para fortalecer a participação Brasileira no 7º Fórum Mundial da Água.
Mais informações sobre a Seção Brasil dos Membros do Conselho Mundial da Água e como participar desta iniciativa podem ser obtidas visitando o site www.membrosbrasilcma.org.br  
Ricardo Medeiros de Andrade
ricardo.andrade@ana.gov.br
Superintendente de Implementação de
Programas e Projetos da Agência Nacional de Águas
e desde 2009 é Governador-Suplente do Brasil junto
ao Conselho Mundial da Água e é o Coordenador da




terça-feira, setembro 16, 2014 por Unknown

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