Entre os itens estão reaproveitamento de água e o uso de energia limpa. Economia para os moradores pode chegar a 30% nas contas de água e luz.
Os empreendimentos considerados sustentáveis, por ter preocupação com o uso consciente dos recursos naturais, estão ganhando cada vez mais espaço no mercado imobiliário de Goiânia. Entre os itens adotados por arquitetos e construtoras estão o reaproveitamento de água, o uso de energia limpa e maior aproveitamento de luz solar para iluminação dos ambientes. Com isso, segundo eles, a economia nas contas pode chegar a 30% para os moradores.
A arquiteta Luana Lousa desenvolve projetos de imóveis voltados para a sustentabilidade e aplicou em sua residência diversos elementos que reforçam a preservação ambiental e consumo sustentável dos recursos naturais.
A casa dela foi planejada para aproveitar a circulação natural de vento e também iluminação natural, economizando nas contas de energia. Além disso, possui área para captação e reaproveitamento da chuva e telhado vivo, com plantas na laje, e até uma estação natural de tratamento de esgoto. Parte das paredes foi feita com tijolos de adobe e os móveis são confeccionados usando madeira de demolição. Ela conta que, mesmo com tantas adaptações, o custo da obra não ficou elevado.
“Quando se pensa no custo de implantação, você avalia se vai construir com alvenaria de tijolo comum ou em adobe [tijolo feito de barro cru]. Em adobe, você gasta mais com mão de obra, mas o material é muito mais barato e resistente, então no fim, é insano o tanto que o sustentável pode ficar mais barato que o convencional”, explicou.
Além disso, com o reaproveitamento da água e o uso de energia limpa, Luana diz que a economia é muito grande. “Em uma casa grande como a minha, a conta é 1/3 de uma casa convencional e a de água, 1/4. Às vezes, as pessoas acreditam que os materiais são caros, que é difícil construir, ficam na zona de conforto, mas não é verdade”, enfatizou.
Entre os vários benefícios, a arquiteta faz questão de ressaltar que, na sua casa, até mesmo o esgoto é tratado de maneira natural. “É uma bacia de evapotranspiração. É uma bacia que recebe o esgoto e é plantado bananeiras em volta. As bactérias anaeróbicas fazem o processo interno, as bananeiras absorvem o que for de água e ocorre a transpiração, aumentando a umidade na área e deixando de lançar esgoto na rede”, explicou.
Conceito de sustentabilidadeA conselheira federal do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), Lana Jubé, explica que, para serem considerados sustentáveis, os empreendimentos precisam observar três questões básicas: gerenciamento da água, o consumo de energia limpa e o reaproveitamento máximo, gerando o mínimo de lixo.
Apesar de relativamente novo, o conceito deve ser uma tendência para os próximos anos. “Ainda há uma resistência na hora de se pensar e desenvolver esses imóveis, porque não é que eles sejam mais caros, mas demandam uma mão de obra mais específica”, relatou a conselheira.
Para Jubé, esse modelo vai evoluir rapidamente. “A crise econômica é mundial. Com isso, você quer um bom retorno com baixo custo. Então o cliente fica mais exigente. Além disso, com o adensamento populacional, a escassez de recursos naturais é uma realidade, então é preciso ter essa preocupação”, disse.
Em Goiânia, um prédio localizado no setor Celina Parque investiu na preocupação ambiental e instalou alguns itens que ajudam a promover a sustentabilidade. Ele foi construído usando materiais de maior durabilidade, produtos recicláveis e madeira de reflorestamento.
“No empreendimento montamos um sistema para armazenar a água da chuva. E com o uso da energia eólica, já que venta muito na região, uma bomba leva a água até as bacias sanitárias e torneiras dos jardins”, explicou Cinthia Martins, especialista em gestão ambiental e mestra em engenharia do meio ambiente, responsável pelo projeto.
Isso gera uma economia muito grande para o empreendimento e, consequentemente, para os condôminos. “No período chuvoso, quando temos muita disponibilidade de água, nossa economia chega a 80%, 90% da conta de água do condomínio. E nas residências, varia de 25% a 30%, que é a água usada nas bacias sanitárias. Então isso representa uma economia considerável em relação a isso”, explicou.
Cinthia conta que as características sustentáveis ainda não são um fator decisivo para a escolha de uma casa ou um apartamento, mas é um diferencial importante. “Esse é um caminho sem volta. Se tiverem dois empreendimentos semelhantes, se um tiver esse diferencial, com certeza ele vai optar por esse que tem algo especial”, disse.
A especialista em gestão ambiental ressalta que, apesar de todos esses investimentos em novas técnicas de uso e reaproveitamento dos recursos naturais, os apartamentos não ficam mais caros.
“As iniciativas como a captação da água da chuva, aproveitamento maior do ar e da luminosidade, isso não traz um custo adicional para o consumidor. A questão é o que investir na hora de parar e pensar a construção”, completou.
Economia sustentável
Quem optou por esse diferencial na hora de comprar o apartamento foi o casal Francisco de Abreu e Jakeline Gomes da Silva. Eles moram em um condomínio no Parque Industrial Paulista, em Goiânia, que faz captação da água da chuva, tratamento e filtragem de água do chuveiro, pia e lavanderia e utiliza energia solar.
“No início, não acreditávamos em tudo isso que falavam sobre a sustentabilidade e pensávamos que seria muito mais caro, mas não foi. Eles estava mais ou menos o preço de mercado dos outros lugares”, disse Jakeline, que é professora.
O marido dela, Francisco, que trabalha como gerente administrativo, contou que eles estão há seis meses morando no imóvel e já é possível perceber no bolso as vantagens. “A janela é grande, entra muita iluminação e vento, não precisa de luz ligada ou ar-condicionado, tem o reaproveitamento da água. No fim do mês, a economia nas contas é de 30%”, relatou.
Vitor Santana/G1
Fonte: G1
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