O tempo todo, ininterruptamente, a natureza reage às mudanças ambientais e aos abusos do homem em prol do desenvolvimento. A consequências são inúmeras: inundações, enchentes, terremotos, deslizamentos, poluição, efeito estufa, aquecimento global e por aí vai. Uma constatação já conhecida. Mas como andam as iniciativas dos setores econômicos, órgãos públicos e população para contornar isso tudo e nos garantir qualidade de vida?

Não precisa inventar a roda, basta incorporar as boas ideias já existentes para tornar o planeta mais saudável. O ‘IPTU verde’ é um projeto que poderia muito bem se expandir para todo o país. O programa já está sendo praticado em várias cidades do país: Guarulhos, Campinas, Salvador, Araraquara, São Vicente etc. No caso de Guarulhos, ganha desconto no valor do IPTU imóveis e construções que adotam
medidas ambientais como:

Arborização – até 2%.
Áreas permeáveis (jardins ou gramados que permitam a absorção das águas das chuvas) – 2%, e os condomínios até 1%.
Sistema de captação de água de chuva – 3%.
Sistema de reuso de água – 3%.
Sistema de aquecimento hidráulico solar – 3% de desconto, e sistema de aquecimento elétrico solar 3%.
Construções com materiais sustentáveis – 3%.
Utilização de energia passiva (quando o projeto arquitetônico propicia o melhor aproveitamento da luz solar, dispensando o uso de ar condicionado e iluminação artificial) – 3%.
Utilização de energia eólica – 5%.
Telhado verde (vegetação em cima de todos os telhados da casa) – 3%.
Separação de resíduos sólidos (exclusivo para condomínios horizontais ou verticais que comprovadamente destinem sua coleta para reciclagem) – 5%.
Acessibilidade – adaptação da calçada para trânsito livre e seguro de pedestres e cadeirantes, mantendo de 1 a 1,5 metro para circulação, até 5%.

O investimento pode ser alto? Sim, mas os ganhos são maiores e cobrem rapidamente os custos de implantação. Vale a pena quebrar paradigmas e avistar os benefícios futuros de alguns projetos.

De Guarulhos para Estocolmo, chegamos às inovações da capital sueca, como o Hammarby Sjöstad, bairro verde que fica localizado perto do lago que leva o mesmo nome. Até o próximo ano, as antigas áreas industrial e portuária da cidade estarão totalmente repaginadas depois de investidos cerca de 3,5 milhões de euros por empresas de infraestrutura e do mercado imobiliário. Mas o que acontece por lá que seria bem-vindo para os nossos lados?
Na capital, caminhões de lixo não precisam transitar pela cidade emitindo CO2 e gases poluentes. A coleta é feita em diversos postos onde o lixo é sugado a vácuo para uma estrutura subterrânea. Quando os containers de 15 a 30 m³ enchem, um caminhão os leva para a usina de reciclagem. O que não pode se reciclado é incinerado para gerar eletricidade. Ônibus e cozinhas residenciais funcionam com biogás originado das águas residuais. Edifícios contam com painéis térmicos e fotovoltaicos –, que proporcionam quase a metade da água quente total consumida ,
isolamento térmico, janelas com vidro triplo e telhados verdes. As energias renováveis, como a solar, respondem por 80% do aquecimento das empresas e residências.   

No bairro, os moradores usam trem gratuito, sistema de compartilhamento de carros e ciclovias conectados para vários pontos da cidade.

Com o tratamento da água dos rios, a pesca e o lazer passaram a ser apropriados. Nem a água da chuva escapa das medidas sustentáveis. O planejamento de habitação da cidade investiu em sistemas que direcionam a demanda pluvial para unidades de tratamento específicas.
Com essas medidas sustentáveis, o Hammarby Sjöstad emite 50% menos gases de efeito estufa do que um bairro comum. Com isso tudo, Estocolmo foi eleita a primeira capital verde da Europa em 2010. Mas ainda vai ter muito mais:   ‘A cidade foi escolhida por manter um sistema administrativo integrado que garante a consideração de aspectos ambientais em orçamentos, planejamentos operacionais, relatórios e monitoramentos, e ter o objetivo de zerar o uso de combustíveis fósseis até 2050’.

Alguns resultados
• Diversas estratégias de planejamento foram elaboradas para o planejamento de curto, médio e longo prazo da cidade, como: “Programa Ambiental de Estocolmo para 2012-2015”, “Visão 2030: um guia para o futuro”, “Programa de Ações para as Mudanças Climáticas de Estocolmo”;

• Foi criado um programa para o desenvolvimento e aumento do número de parques e áreas verdes em Estocolmo, o “Stockholm Park Programme”. Atualmente, as reservas e áreas protegidas representam 11% do território da cidade, o que representa 86m² de área verde por habitante. A cidade conta com sete reservas naturais dentro de seus limites da cidade, uma reserva cultural, um parque nacional e 1000 parques;

• 95% das pessoas moram a 300 metros de uma área verde;

• A cidade aloca 2700 indústrias de tecnologia limpa;

• 100% do esgoto da cidade é tratado;

• Atualmente, 80% do aquecimento da cidade é produzido por bioenergia;
• Todos os sinais de trânsito em Estocolmo utilizam LED. Esta medida reduziu a necessidade de energia para os semáforos em 95%.
• Todos os trens e ônibus da cidade se utilizam de combustíveis limpos;

• 100% dos ônibus são acessíveis para pessoas com deficiência;

• Mais de 80% da população usa transporte público e bicicletas diariamente no sentido casa-trabalho;

• 40% dos carros vendidos são limpos;

• Três a cada quatro pessoas preferem transporte público ou bike ou carro ecofriendly;

• A cidade conta com 376 km de ciclovias.