A devastadora queda das atividades da construção e a
ausência de horizontes para a volta do crescimento das obras estão contribuindo
para a diminuição do PIB, da renda das famílias e do emprego. É o que demonstra
o tombo de 4,1% no Índice de Atividade Econômica do Banco Central em 2015.
O declínio contínuo dos investimentos em obras públicas e
privadas, a elevada inflação, as dificuldades crescentes na contratação de
crédito imobiliário, os distratos de aquisição de imóveis e a queda da demanda
das famílias pela casa própria atingiram profundamente o desempenho e as
expectativas das empresas do setor.
Em números: a construção perdeu 715 mil empregos no biênio
2014-2015. Acrescentando-se estimadas 200 mil demissões adicionais neste ano,
serão 915 mil ao final do triênio.
Isso significa que em dezembro de 2016 o nível de emprego no
setor deverá retroceder a 2,6 milhões de trabalhadores formais, patamar em que
se encontrava no início de 2010.
O PIB da construção caiu 8% em 2015 e deverá declinar mais
5% em 2016, estimam o SindusCon-SP e a FGV. Uma vez que em 2014 o setor
praticamente não cresceu, isso significará uma queda acumulada de 12,6% do PIB
da construção no triênio.
Eventual recuperação dos investimentos em 2017 reverterá a
queda do volume de obras, mas somente a partir de 2018. Não havendo novos
reveses, o nível de emprego recorde da construção atingido em outubro de 2013,
de 3,55 milhões de trabalhadores com carteira assinada, poderá voltar apenas em
2020.
Não há o menor sentido em esperar passivamente quatro longos
anos para tanto, quando a crise econômica requer respostas imediatas a fim de
estancar a visível deterioração social do país.
Com a postergação das reformas, do reequilíbrio das finanças
públicas e da consequente retomada da confiança dos investidores, ao menos uma
pauta mínima precisa avançar para reativar a construção e reverter a queda do
emprego.
Desta agenda precisa constar a atração da nuvem de
investidores estrangeiros já atentos às oportunidades proporcionadas por
concessões e parcerias público-privadas na ampliação da infraestrutura. Para
tanto, é preciso multiplicar notícias positivas, como a de que o BNDES decidiu
voltar a financiar pelo menos 60% do valor dos projetos à Taxa de Juros de
Longo Prazo, de 7,5% ao ano. Seria muito oportuno também elevar a taxa de
retorno das concessões.
Uma desburocratização total dos órgãos e instituições
financeiras públicas é inadiável, abreviando os longos prazos de aprovação de
projetos e de créditos. Medidas tributárias de incentivo à industrialização das
obras também serão bem vindas.
A construção está fazendo sua parte na elevação da
produtividade da mão de obra e dos processos construtivos. Um esforço do setor
público na mesma direção poderá antecipar para 2018 a recuperação prevista para
2020.
Fonte: SindusCon/SP
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