Foi
lançada nesta semana, 29/10, na capital paulista, a Aliança pela Água –
associação formada por mais de 20 organizações não governamentais (ONGs)
voltadas à defesa do meio ambiente, como Greenpeace, SOS Mata Atlântica,
WWF-Brasil e Rede Nossa São Paulo. O objetivo é propor sugestões para resolver
a falta de água no estado de São Paulo.
A
iniciativa começou com um mapeamento feito de agosto a setembro, com a ajuda de
281 especialistas, que listaram propostas emergenciais e para os próximos dez
anos. O levantamento envolveu 368 organizações, em 60 municípios atingidos pelo
desabastecimento, resultando em 20 ações principais, de curto e longo prazos.
O
relatório aponta, como iniciativas de curto prazo, a instalação de um comitê de
gestão de crise e de salas de situação de crise, pelo governo estadual, com
ampla participação das prefeituras e da sociedade. A transparência na gestão,
que garanta acesso da população aos horários e dias com risco de falta de água
também foi considerada. Outra medida é ampliar a divulgação de informações ao
cidadão, além da promoção de campanhas públicas.
A
Aliança pela Água defende ainda a aplicação de multas em casos de desperdício e
uso abusivo de água. Outra proposta é que a Agência Nacional de Águas (ANA) e o
Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (Daee) façam uma
moratória das outorgas a grandes consumidores de águas subterrâneas, como
indústrias de celulose, bebidas e irrigação.
Entre
os projetos de longo prazo, estão a criação de um novo modelo de gestão de
água, a revisão dos contratos de concessão pelos municípios e um plano que
efetivamente acabe com o desperdício de água na rede, tanto por vazamento
quanto pelos desvios irregulares. Os governos estadual e municipal podem também
implementar uma política de reúso da água e aproveitamento da chuva.
Outro
ponto defendido pelas ONGs é a recuperação e proteção dos mananciais. Na
capital paulista, a Represa Billins, que tem a mesma capacidade de reserva do
Sistema Cantareira e fica a apenas 20 quilômetros da cidade, poderia se tornar
manancial, mediante negociação com o setor elétrico, que a utiliza atualmente.
A despoluição de rios urbanos, como o Tietê e o Pinheiros, na capital, também
entra no projeto.
De
acordo com a coordenadora do Instituto Socioambiental (ISA), Marussia Whately,
a meta é São Paulo chegar a abril de 2015 em situação segura para enfrentar a
próxima estiagem. Segundo ela, o Cantareira tem pela frente o grande desafio de
recuperar-se do esgotamento, que deixou o sistema com volume útil negativo de
15,4%.
A
coordenadora explica que um conjunto de fatores levou à atual crise hídrica,
impulsionada pela má gestão da água. “Uma gestão baseada na noção de que fontes
de água são inesgotáveis. Essa gestão tem vários equívocos”, destacou. Além
disso, a estiagem, a degradação dos mananciais e de fontes de água, a falta de
transparência e participação no processo foram fatores prejudicais. Segundo
Marussia, as eleições para governador ajudaram, este ano, a adiar o debate
sobre falta de água. “Por não trazer medidas menos populares, como as multas,
ao debate”, esclarece.
Para
Marussia, a meta é, até o final do ano, ter informações mais consistentes sobre
as propostas para que um documento seja apresentado aos governos e órgãos
responsáveis pela gestão de água no estado.
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