quarta-feira, novembro 26, 2014




Antônio Nobre é sempre muito atual

O cientista do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi responsável por elaborar o relatório "O Futuro Climático da Amazônia"*, a pedido da organização Articulación Regional Amazónica (ARA). Ele defende há muito tempo a necessidade de replantar a Amazônia. Confira uma de suas palestras proferidas há alguns anos.  


quarta-feira, novembro 26, 2014 por Unknown

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A floresta amazônica é essencial para manter a nossa qualidade de vida e a regulação do clima da América do Sul. O ponto é comprovado e enfatizado pelo pesquisador Antonio Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) no relatório "O Futuro Climático da Amazônia", resultado de mais de 200 estudos científicos sobre a floresta e sua influência sobre o clima e as chuvas.
Nos últimos 40 anos foram destruídos 763 mil km² da Amazônia, o equivalente a três estados de São Paulo inteiros. A comparação com São Paulo vem a calhar porque a seca sem precedentes porque passa é também consequência do desmatamento ao norte, que ocorre a milhares de quilômetros de distância. A supressão da floresta Amazônica impacta diretamente a formação dos chamados rios voadores, grandes nuvens de umidade que, transportadas pelo vento sobre a Amazônia, colidem com as montanhas andinas e seguem na direção Sul. Elas trazem boa parte das chuvas que caem sobre as regiões Centro Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Como explica Nobre, "a situação é de realidade, não mais de previsões. A floresta é um seguro, um sistema de proteção". Quanto menos árvores, menor a formação de rios voadores. Quanto menos rios voadores, mais seco se torna o clima.

A atividade da floresta para produzir umidade é intensa. De acordo com ele, uma árvore de grande porte na Amazônia evapora mais de mil litros de água por dia. Com isso, o total de evaporação de água na região chega a 20 bilhões de toneladas, quantidade superior a da vazão do Rio Amazonas, o maior e mais caudaloso do mundo. "Se formos contabilizar a energia diária utilizada pela floresta para manter seu ciclo hidrológico chegaremos a 50 mil hidrelétricas de Itaipu", afirma Nobre. De acordo com ele, a floresta é automatizada. "Tudo acontece sem que a gente perceba. Não temos consciência. Por isso, precisamos nos valer das tecnologias que temos para penetrar na tecnologia dela".

Apesar da evidência da importância da existência da Amazônia, dados recentes disparam o alarme de uma regressão no combate ao desmate. Em 2013, dados consolidados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostraram um aumento de 29% no desmatamento. Este ano, o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente daAmazônia) captou um aumento de 290% em setembro de 2014 sobre setembro de 2013.

Diante da ameaça constante, Nobre afirma que já chegou "o futuro de que falávamos". Não há mais tempo para reduzir o desmatamento. Temos que zerá-lo e imediatamente".

A Amazônia levou 50 milhões de anos para se formar e apenas 40 para ser gravemente impactada pela ação humana. No entanto, os serviços que presta são fundamentais. "Ela pulsa umidade para o mundo, o tempo todo. A floresta amazônica é insubstituível", diz Nobre. E, conforme o seu otimismo, ainda há tempo de garantir sua existência e, em consequência, o equilíbrio climático do planeta - e das nossas vidas.

Medidas para proteger a Amazônia
Nobre sugere cinco ações para recuperar o clima e proteger a floresta, que trarão resultados positivos no longo prazo. "Diante de tantas notícias de desastres, eu sou um otimista e me pergunto: por que a gente não tenta um futuro diferente?". Saiba o que ele fala sobre cada um destes pontos:
1. Guerra contra a ignorância
"Isso tem a capacidade de mudar a realidade. A ciência gerou informações úteis, paga pelo dinheiro público, pela sociedade. O meu intento em trazer este relato do que está na sociedade científica é este: estimular as pessoas a usarem este conhecimento. Perdemos mil árvores por minuto na Amazônia nos últimos 40 anos. Então combater a ignorância é sim um esforço de guerra".

2. Desmatamento zero
"Acabar com o desmatamento na Amazônia é para ontem, não daqui a 30 anos, não faria o menor sentido. O futuro já chegou. Em 2004, perdemos 27.772 km2 de floresta. Em 2012, 4.571 km2, mas este é um efeito ilusionista, pois o último número equivale ao tamanho da área metropolitana de São Paulo. Em dez anos, desmataríamos a Costa Rica inteira com esta taxa".

3. Abolir o fogo, fumaça, fuligem
"Eles agravam as mudanças climáticas, secam as nuvens. Precisamos aboli-los da mesma forma que o tabaco foi abolido. Todas as sociedades do mundo hoje estão indo nesta direção, fato. Estamos jogando tempo pela janela".

4. Promover o renascimento da fênix. Replantar!
"Temos na mão a competência do sistema natural, enquanto ele ainda existe. A floresta dá todos os elementos. Se tiver semente, planta. Precisamos replantar o Brasil, o mundo. A ciência também mostra todas as condições para fazermos isso, mas precisamos fazer efetivamente".

5. Consciência das elites governantes
"Em 2008, quando estourou a bolha de Wall Street, os governos do mundo tomaram a decisão de gastar trilhões de dólares para proteger o sistema econômico de falência. O momento que atravessamos, de mudanças climáticas, é grave. E estamos com 15 anos de procrastinação criminosa em relação a isso. Já vínhamos avisando a situação atual há muitos anos. A sociedade precisa sair do transe e tomar atitudes".

Fonte: Karina Miotto






quarta-feira, novembro 26, 2014 por Unknown

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quinta-feira, novembro 06, 2014





O nível de emprego na construção civil na região de Rio Preto teve um desempenho negativo no mês de setembro. De acordo com a pesquisa mensal do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), feita em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o saldo entre contratações e demissões na região teve queda de 0,19% em setembro, com relação a agosto. No primeiro semestre, houve índices positivos em alguns meses. 

Foram eliminados 61 postos de trabalho entre os 140 municípios da área de abrangência da regional de Rio Preto do SindusCon-SP. No entanto, apesar do resultado negativo em setembro, a região ainda emprega 3,7% da mão de obra da construção civil no Estado de São Paulo, com um total de 31.932 trabalhadores com carteira assinada. O desempenho, para o diretor da regional de Rio Preto do SindusCon-SP, Germano Hernandes Filho, é um reflexo da atual situação econômica brasileira. 

"Está dentro da expectativa do País. Agora precisamos ver como será a atuação do governo e como serão as mudanças propostas pela presidente. Se não houver nenhum imprevisto, esperamos que o próximo ano siga sem problemas para o setor". Na contramão da região, Rio Preto teve mais um mês de crescimento nas contratações em setembro. O município criou 101 novas vagas durante o mês, o que representa um crescimento de 0,83%, quando comparado com agosto. 

Com isso, a cidade, que tem 12.311 trabalhadores formais no setor, registrou aumento na taxa de empregos em todos os meses de 2014. "Rio Preto tem uma série de investimentos imobiliários que ajudam a manter o desempenho positivo da cidade. Todos esses empreendimentos são de longo prazo, o que deve fazer com que os números continuem positivos pelos próximos meses e até em 2015. E mesmo que haja queda, ela será menor que no restante do País", afirma Hernandes Filho. 

Outras cidades da região, como Catanduva e Votuporanga, seguiram o padrão da região e tiveram mais demissões que contratações no mês de setembro. Catanduva eliminou 26 postos de trabalho, uma queda de 1,82% em relação a agosto. Hoje, a cidade emprega 1.405 pessoas no setor.Já em Votuporanga, 20 vagas de emprego foram eliminadas, isso significa uma baixa de 2,05% em comparação a agosto. A cidade emprega atualmente 954 trabalhadores formais no setor, praticamente o mesmo patamar de janeiro de 2014 quando empregava 950 pessoas. 

No Estado de São Paulo, o nível de emprego na construção civil permaneceu praticamente estável, com queda de 0,03% em setembro, em comparação com agosto, com o saldo entre demissões e contratações negativo em 235 trabalhadores. Com o resultado, o número de empregados na construção civil no Estado ao final de setembro somava 864,5 mil pessoas com carteira assinada. Em todo o País, o nível de emprego na construção civil fechou setembro com alta de 0,28% na comparação com o mês anterior. O saldo entre demissões e contratações ficou positivo em cerca de 10 mil trabalhadores com carteira assinada. Com isso, o número de trabalhadores do setor chegou a 3,528 milhões em setembro.

Novo diretor na região

A regional de Rio Preto do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) está com um novo diretor: Germano Hernandes Filho. O empresário assumiu o cargo para uma gestão de dois anos e tem a intenção de investir na evolução do setor na região. "Queremos capacitar, inovar e desenvolver a região respeitando o desenvolvimento sustentável e contribuindo para a nossa comunidade", disse.

A nova diretoria promoveu um encontro entre os associados para identificar algumas frentes de trabalho. Uma das ações estabelecidas é montar mais cursos para capacitar a mão de obra que atua na construção civil. "Tivemos um salto de qualidade na mão de obra disponível na região, mas isso é algo permanente. O trabalhador tem que estar sempre estudando. O setor está repleto de novidades e de inovação e tudo isso requer aprendizado contínuo", afirma Hernandes Filho. Para o diretor, o setor hoje exige uma nova forma de pensar e uma nova postura de trabalho.



Fonte: Beto Carlomagno/Diário da Região






quinta-feira, novembro 06, 2014 por Unknown

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quarta-feira, novembro 05, 2014

MARCELO LEITE
Folha de S.Paulo
05/11/201407h54

O ex-senador e ex-vice-presidente dos EUA Albert Gore volta ao Rio com seu otimismo e sua pregação pela necessidade de combater o aquecimento global.

Seu Projeto Realidade Climática arrebanhou 750 pessoas de 55 países para três dias de treinamento para disseminar a mensagem: impedir que a atmosfera se aqueça mais que 2ºC, nível considerado perigoso para a estabilidade do clima.

"Em 79 países o preço da energia de painéis solares está igual ou abaixo do preço da eletricidade pela queima de carvão", diz Gore. "O fato de as soluções estarem disponíveis é o antídoto para a paralisia política."

Uma das fontes do otimismo do americano é a aceitação da necessidade de agir por parte do mundo corporativo: "Os empresários estão à frente dos políticos".


Folha – A sua organização já realizou 25 treinamentos pelo mundo sobre a mudança do clima. Por que no Brasil, agora, e por que em 2014?
Al Gore – O Brasil é um dos países mais importantes do mundo, todo mundo está ciente disso. O Brasil e os Estados Unidos, juntos, estão entre os maiores e mais poderosos países no hemisférios Ocidental, e o Brasil emergiu como um líder na comunidade das nações e todos respeitam as posições do Brasil.
Este é um ano crucial, por causa das negociações que serão concluídas em Paris dentro de um ano, contado do mês que vem. É o momento em que se espera que o mundo se ponha de acordo, finalmente. Já existe um impulso poderoso. Nesta semana mesmo, o lançamento do sumário para formuladores de políticas do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima) mais uma vez enfatiza a incrível urgência dessa crise. O mundo se depara com uma emergência global, e o Brasil pode desempenhar um papel crucial em resolver essa crise, aproveitar essa oportunidade.

Por outro lado, o governo do Brasil se recusou a reconhecer e assinar a Declaração de Nova York sobre Florestas. O sr. ficou decepcionado?
Sim, fiquei. Mas o Brasil também disse que, se outros países agirem, isso terá impacto sobre as escolhas do Brasil no futuro. Agora que a temporada de eleições acabou, no Brasil e no meu país, creio que chegou o tempo de nos mexermos na direção de um enfrentamento sério dessas questões.
Afinal de contas, vamos ouvir não só o que os cientistas estão dizendo, mas o que a natureza está dizendo. O Estado de São Paulo está em meio a uma seca séria. Os cientistas assinalam que sua fonte principal de água doce têm sido os chamados "rios voadores" que correm sobre e através da Amazônia para o Sudeste do Brasil. Quando a Amazônia sofre danos demais, esse processo é interrompido, e o bombeamento dessa água de volta para o céu, pela floresta, se enfraquece e as represas secam.
Na Califórnia, o maior Estado dos EUA, nós também estamos experimentando uma seca histórica. Essa é uma das principais razões para a Califórnia vir agindo para se tornar um líder entre os governos regionais. E eu ouço de cada vez mais cidadãos do Brasil que é hora de se unir à comunidade mundial e defender medidas que vão resolver a crise do clima.

Seu livro e o filme "Uma Verdade Inconveniente" foram lançados em 2006, oito anos atrás. De lá para cá, o sr. sentiu necessidade de mudar as suas falas, talvez soar um pouco menos alarmista? Alguns especialistas dizem que catastrofismo demais pode levar à paralisia, à inação.
Bem que eu gostaria de que as previsões dos cientistas que apresentei naquele filme se tivessem provado incorretas. Mas infelizmente elas acabaram subestimando quão séria a crise está se tornando. Portanto, não, não há nada para eu mudar naquele filme, a não ser talvez para destacar que alguns perigos acabaram se revelando piores.
Mas, quando as pessoas ouvem falar de catástrofes iminentes, isso não teria potencial para paralisar a ação? Minha resposta é: não precisa ser esse o caso. Há muitos poluidores pesados de carbono que têm despendido muito dinheiro e esforços para tentar paralisar o processo político, porque não querem mudança. Acho que essa vulnerabilidade à inação política desaparece quando as soluções ficam disponíveis.
Uma das grandes mudanças desde que o filme estreou em 2006 é que o custo da eletricidade de painéis solares e de geradores eólicos caiu dramaticamente. Em 79 países o preço da energia solar está agora igual ou abaixo do preço da eletricidade pela queima de carvão. O fato de as soluções estarem disponíveis é o antídoto para a paralisia política.

O relatório de síntese do IPCC, por exemplo, fala agora mais de "riscos", em lugar de "perigos", e enfatiza a exequibilidade de um "orçamento de carbono" que nos dê 66% de chance de manter a elevação temperatura abaixo dos 2º C considerados perigosos. O sr. preferiria ouvir palavras mais fortes do IPCC?
Creio que os cientistas são por natureza cautelosos na maneira pela qual apresentam suas conclusões. E respeito isso. O restante de nós aprendeu a interpretar o que estão dizendo. Afinal, quanto aos relatórios anteriores do IPCC, a experiência posterior no mundo foi que as coisas ficaram piores.
O relatório que saiu nesta semana na realidade tem algumas expressões muito dramáticas, alguns alertas muito sombrios: se não entrarmos em ação, veremos consequências muito danosas e irreversíveis, dificuldades para fornecer alimentos adequados, enchentes nas cidades, e isso em linguagem muito mais dura do que usaram no passado.

O sr. então não concorda que o IPCC esteja amenizando sua mensagem.
De novo: a cultura dos cientistas é inerentemente conservadora. Porque eles não são políticos, não estão acostumados a ficar sob os olhos da opinião pública, mas sim a ser extremamente cuidadosos no modo pelo qual afirmam suas conclusões. E isso naturalmente leva, algumas vezes, a subestimar a seriedade das consequências. Não acho que façam isso por temer críticas, mas porque querem se ater ao processo científico.
Para o restante de nós, o dever é tomar o que eles apresentam, em termos muitos alarmantes, mesmo que uma subestimativa, como base para a ação, e não só como mais palavras.

O objetivo é fazer as emissões de carbono pararem de crescer nos próximos cinco ou dez anos e levá-las a zero em 2100. Desde o Protocolo de Kyoto, porém, elas estão aumentando, e isso apesar da redução da atividade econômica após 2008. É algo que se pode alcançar, ou só uma miragem?
É factível. A dramática redução dos preços da energia de fontes alternativas está causando mudanças revolucionárias na economia do mundo. As dez maiores geradoras de eletricidade na Europa que usam carvão perderam a metade de seu valor nos últimos cinco anos. Muitas de suas congêneres no mundo estão sob tremenda pressão financeira, porque o custo da energia renovável está se tornando tão baixo. Essa é uma mudança profunda.
Os investimentos precoces em pesquisa e desenvolvimento para eletricidade solar e eólica agora estão sendo recompensados de forma muito dramática. Num dia da primavera passada, alguns lugares na Alemanha tiveram 75% de toda sua energia de fonte solar e eólica. No meu país, se olharmos para a energia nova, na primeira metade deste ano, quase dois terços vieram de fontes solar e eólica. Estamos vendo essas mudanças, não é apenas mais do mesmo pessimismo que levou a [o fracasso] de Copenhague. O mundo mudou. As alternativas agora não só são competitivas como, em muitos países, são mais baratas do que continuar a queimar combustíveis fósseis sujos.

Vamos falar da China. Esse país anunciou na Cúpula do Clima de Nova York a intenção de começar a diminuir suas emissões "tão cedo quando possível" e tem reduzido a intensidade do uso de carbono por unidade de PIB. O sr. acha que os compromissos assumidos pelos EUA estão à altura dos da China?
Eu gostaria de ver tanto a China quanto os EUA fazendo mais, mas vamos falar dos dois separadamente.
A China acabou de introduzir um imposto sobre o carvão. Gostaria que os EUA fizessem o mesmo. Acabou de criar um teto para emissões e um sistema de comércio de permissões para emitir em cinco cidades e duas províncias e anunciou que será um piloto para um sistema de alcance nacional no ano que vem. Baniu usinas a carvão em várias províncias. Está exigindo de todos os poluidores de carbono que meçam e reportem suas emissões, mês a mês e ano a ano. Investiu muito mais na fabricação de painéis solares e geradores eólicos do que qualquer outro país.
Eles estão dando alguns passos muito positivos, mas é preciso fazer mais. E acho que vão fazer mais, em parte porque a poluição convencional do ar, com a queima de tanto carvão, está agora deixando seu povo doente. A expectativa de vida baixou mais de cinco anos por causa da poluição, e os líderes chineses expõem agora abertamente sua preocupação de que isso possa provocar distúrbios políticos, se eles não mudarem as regras, e causar dano à dominância do Partido Comunista. Eis aí algo que captura a atenção deles.
Nos EUA, o presidente Barack Obama tem entrado em ação sem o Congresso, usando uma lei que a Corte Suprema disse ser adequada, e está seguindo em frente para reduzir emissões de CO2. Ele já reduziu dramaticamente as emissões dos automóveis. Mas ambos, China e EUA, deveriam fazer mais, na minha opinião.

Negociadores brasileiros se queixam da barreira erguida no Congresso americano contra um acordo vinculante, com obrigações legais, em 2015. Muitos acreditam que é um sinal seguro de nenhum acordo razoável será obtido em Paris. O que o sr. lhes diria para renovar suas esperanças?
Antes de mais nada, a opinião pública nos Estados Unidos está mudando dramaticamente. Em segundo lugar, o governo Obama obteve um parecer jurídico dizendo que ele pode modificar um tratado que tenha sido adotado e ratificado e atualizar as provisões desse tratado sem ter de voltar ao Senado para uma outra ratificação.

O sr. se refere à Convenção do Clima de 1992, já que o Protocolo de Kyoto, de 1997, não foi ratificado pelos EUA, correto?
Sim. E ela diz que os Estados Unidos estão obrigados a agir para evitar níveis perigosos de gases do efeito estufa. Agora os cientistas dizem que qualquer coisa que eleve a temperatura global acima de 2º C é um nível perigoso. Ele tem a autoridade de que necessita, sem nova ratificação.

Os relatórios recentes "Nova Economia do Clima" e "Negócio Arriscado" parecem sinalizar uma atitude muito mais receptiva do mundo corporativo para a questão do clima, ou pelo menos de alguns de seus líderes mais destacados. O sr. diria que há impulso suficiente para uma virada, em que líderes empresariais passarão a pressionar governos para agir?
Sim. Creio que os empresários estão à frente dos políticos. Qualquer empresa que lide diretamente com consumidores, oferecendo produtos ou serviços, está agora sob pressão crescente para se assegurar de que seus clientes não mudem para competidores que tenham políticas ambientais melhores. E esses negócios fizeram os investimentos para se tornarem verdes estão agora pressionando os governos para que façam mais. Vejo isso todos os dias, e está fazendo uma diferença. E eles querem que essas mudanças sejam incluídas na lei para ter certeza de que todos terão de fazer o mesmo.

Para concluir: o sr. está otimista quanto a um acordo em Paris?
Estou otimista. Havia um poeta americano no século 20, Wallace Stevens, que escreveu o seguinte: "depois do último não, vem o sim, e o futuro do mundo depende desse sim". Tivemos muitos períodos na história do homem em que militantes pela abolição da escravatura, pelo direito das mulheres a votar como os homens, contra o apartheid, pelos direitos civis em meu próprio país –uma longa lista de exemplos... Em cada um desses casos, houve momentos em que as pessoas ficaram desencorajadas, e parecia que nunca iria acontecer. Mas, porque era a coisa certa, aconteceu de fato. É nessa história que a luta pelo equilíbrio do clima tem lugar. Sempre que nós, seres humanos, nos depararmos com uma escolha clara entre o que é certo e o que é errado, com o tempo acabaremos fazendo a coisa certa. Estamos agora nesse ponto, e em Paris daremos o próximo passo.


quarta-feira, novembro 05, 2014 por Unknown

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sexta-feira, outubro 31, 2014




Na semana passada, a Record ouviu Germano Hernandes Filho, 
engenheiro especialista em recursos hídricos, sobre a falta de água 
em algumas  regiões do país. 



sexta-feira, outubro 31, 2014 por Unknown

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Hoje o Antonio Nobre, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), está tratando da falta da água e os motivos que podem estar causando essa crise.

Com 20% da floresta desmatada outros 20% degradados, a floresta amazônica já começa a falhar em seu papel de regulação do clima da América do Sul, diz o biogeoquímico Antonio Nobre, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

A pedido de ONGs ambientalistas coordenadas pela ARA (Articulação Regional Amazônica), Nobre publicou um relatório revisando 200 estudos sobre o cenário de pesquisa na área, e concluiu que a floresta já dá sinais de desgaste em seu papel de bombear umidade do oceano para o interior da América do Sul, entre outros problemas.

O papel de "bomba d'água biótica" que a floresta exerce, demonstrado por trabalhos anteriores do próprio Nobre, pode estar em risco.
A consequência disso, afirma o cientista, é que chuvas dentro do bioma e também num polígono ao sul do continente, a leste dos Andes, podem não chegar com a mesma regularidade.

Para reverter a situação, Nobre diz que a solução é não apenas parar o desmatamento mas também iniciar um amplo processo de reflorestamento, pois a seca que a região Sudeste vive hoje já pode ser resultado da destruição da Amazônia.

A consequência disso, afirma o cientista, é que chuvas dentro do bioma e também num polígono ao sul do continente, a leste dos Andes, podem não chegar com a mesma regularidade.
Para reverter a situação, Nobre diz que a solução é não apenas parar o desmatamento mas também iniciar um amplo processo de reflorestamento, pois a seca que a região Sudeste vive hoje já pode ser resultado da destruição da Amazônia.

Nobre diz ter ficado "assombrado" com a quantidade de evidências recentes que encontrou para esse fenômeno em estudos de revisão publicados em revistas científicas indexadas. Mas preferiu publicar suas conclusões primeiro em um relatório em linguagem voltada ao público em geral.

"Falar disso para os cientistas é meio como pregar o pai-nosso para o vigário", disse Nobre ontem num evento em São Paulo, onde o trabalho foi lançado. A decisão de publicar um estudo em linguagem acessível também se deu por uma vontade de prestar contas de suas pesquisa à sociedade, diz o cientista.

"É uma decisão arriscada da minha parte, mas o 'peer review' [sistema de revisões independentes adotado por revistas científicas técnicas] dificulta muito esse tipo de analise integrativa", afirmou.

O relatório de Nobre, intitulado "O Futuro Climático da Amazônia", cita trabalhos mais atualizados do que aqueles apresentados no último relatório do IPCC (painel do clima da ONU), por exemplo, que não previa problemas tão graves na região.

SAVANIZAÇÃO
O painel foi mais reticente em afirmar, por exemplo, que a Amazônia pode se transformar em uma savana no futuro, impulsionada pelo aquecimento global, conclusão antes tida como mais segura.
"Como nenhum modelo climático atual incorpora os mecanismos e os efeitos previstos pela teoria da bomba biótica de umidade, principalmente nos potenciais efeitos das mudanças na circulação do vento, suas projeções podem ser incertas", escreve Nobre no relatório.

Para o cientista, outro fator também vinha sendo subestimado em alguns modelos matemáticos que tentam reproduzir a interação entre a floresta e o clima: a degradação florestal, os trechos de vegetação que já perderam boa parte de suas árvores e sua biodiversidade, mas que aparecem como floresta intacta em fotos de satélites.

Isso faz com que 40% da floresta esteja prejudicada em diferentes níveis, porcentagem similar à que alguns estudos previam como o ponto de virada no qual a floresta não mais conseguiria se sustentar sozinha, incapaz de garantir a própria umidade.

"A gente já está chegando nesse 'tipping point', e a capacidade de compensação do sistema não está mais aguentando", diz. 


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sexta-feira, outubro 31, 2014 por Unknown

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